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quarta-feira, 8 de junho de 2016
Poema sem Título e Sem Data
Não há de me atormentar para sempre
O desejo de ser atormentado.
Pelo desejo que me atormenta.
.
Beijo lábios frios, desejando que sejam frios.
Mas escrevi teu nome em letras de fogo, como num sortilégio,
Distraindo-me em adivinhar no céu da sua angustia
Mil motivos para que não me veja olhando-te de volta
Quando te miras num espelho.
Oh, éramos a erva e o sol, o canto rouco do vento
E o silêncio da tarde.
Ela se arrasta preguiçosa e eu conto nuvens no azul.
Eu recordo dos dias felizes em que eu era como esse sol
E te banhavas em minha luz.
E todas as tardes eram preguiçosas como essa.
Todos os dias minha loucura grita.
Que eu tenho o direito de esquecer o ângulo perfeito de teu rosto
E o circulo maravilhoso desse olhar febril que me despe sem me ver.
Mas que homem em sua sanidade
Escuta o que berra a sua loucura?
Imaginei o mundo como um louco carrossel multicolor
E eu a girar com ele,
Vejo o mundo em cores indistintas.
Um bêbado num carrossel.
Imaginei tuas formas sensuais sendo esculpidas em marfim,
Conseguido ao custo do sangue de muitos homens.
Sangue parece ser sempre o preço a se pagar pelo maravilhar dos olhos.
Seja por vicio poético, seja por escassa imaginação
Comparo-te aos materiais deleites que meus dedos podem tocar.
Que alegria!
Alegria?
– Poesia!
Então, não te tenho e nem te toco,
Senão com um ou outro delírio fugaz que me permito.
Então se és toda poesia, se és feita de amor,
De que me serve todo o ouro e o delicado marfim do mundo?
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